Vista Alegre – Tradição e
Modernidade
Com um percurso de 191
anos, a Fábrica de Porcelanas Vista Alegre, fundada em 1824 por alvará de D.
João VI, é produto da iniciativa visionária de José Ferreira Pinto Basto (1774-1839), fidalgo da Casa
Real portuguesa, comerciante e empreendedor de acentuada importância no
Portugal novecentista.
Desde o início associada a destacadas personalidades e eventos, a Vista
Alegre, em 1852, produzia a primeira baixela especialmente destinada ao Rei-Consorte
D. Fernando II. Em 1889, estava já presente na exposição Universal de Paris,
registando-se uma vontade de internacionalização por parte da marca. Avançando
no tempo, numa trajectória assinalada por altos e baixos, aposta na inovação e
na formação da mão-de-obra, a Vista Alegre chega ao século XX como uma marca de
destaque internacional, no campo da manufactura de excelência.
Nos últimos anos tem-se verificado uma intensa e bem conseguida aposta
na modernização das linhas das peças produzidas, associando a chancela VA aos
mais conceituados artistas plásticos nacionais e mundiais, de Joana Vasconcelos,
Eduardo Nery ou Nadir Afonso, a Karim Rashid, Sam Baron e, mais recentemente,
Marcel Wanders, cuja colecção foi apresentada em primeira mão na prestigiada
feira Maison & Objet, de Paris,
devendo chegar ainda este ano às lojas portuguesas.
Nesta parceria com o designer holandês, surgiu uma elegante e intemporal
colecção a azul e branco, inspirando-se nos azulejos de Delft e na porcelana
chinesa Ming, dominando, pois, o azul
cobalto na decoração das peças.
Fazem-se assim surgir peças onde a originalidade se funde com a tradição
quase bicentenária da produção de porcelana, peças essas onde está também
patente o apoio e a homenagem aos talentos portugueses.
Neste campo das colaborações artísticas, destacam-se as baixelas criadas
em parceria com casas de moda do mais alto calibre, iniciativa inaugurada com a
francesa Christian Lacroix, da qual resultam já 4 colecções distintas, assim
como com a americana Oscar de la Renta.
Não esquecendo as suas linhas mais tradicionais, como a reprodução das
estéticas Companhia das Índias ou a
famosa Cozinha Velha, a Vista Alegre
tem sabido manejar com mestria savoir-faire
e tradição com modernidade e actualização de linhas e temas, dando resposta às
várias vertentes consumistas, sem perder qualidade ou identidade.
De Ílhavo para o Mundo, o que de melhor se faz em Portugal.
*Texto originalmente publicado no Diário de Aveiro de 30 de Abril de 2016
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